terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Tacos

Madeira na pedra. Procissão e agonia. O anúncio das botas e da dona de minha perdição.

O ouriço

Saiu do mar e se jogou no meu colo, esfriando-me a pele que o sol abrasava. Seus cabelos molhados, ferrugem dúctil quando secos, eram algas vivas e escuras, percorridas por meus dedos no afã de desfazer-lhe a trança única que ela sempre tramava antes de entrar nas águas.
Por debaixo do cordame, surgiu um pescoço branco que percorri até chegar a cada uma das pedras salientes de suas vértebras. Logo veio à luz um pequeno ouriço que se cravara na carne branca da nuca.
Havia também outra marca - relevada -, dentes que eu não conhecia.

No rastro do vampiro

- Que sangue é esse, mamãe?
- Teu maninho que não nasceu.

Liberta quae sera tamen

Aníbal estava cansado. Nunca suportara a poeira africana nos olhos. Por isso, conquistou a Espanha, cruzou os alpes no lombo de um elefante, tudo para chegar aos prados de Horácio, com os quais sonhara mesmo sem tê-los lido. Donde se depreende que nem Zama, nem o Arcadismo brasileiro foram males necessários.